Abril é considerado o mês para enfatizar a conscientização do Autismo. Instituído em 2008 pela ONU (Organização das Nações Unidas), o dia 2 de abril ficou conhecido como o Dia Internacional de Conscientização do Autismo, tornando-se um marco, tanto no Brasil como no mundo, com o intuito de mostrar que algo se modificava em relação ao lugar que o Autismo passaria a ocupar.
Há uma década, pouco se falava de autismo e poucos eram os autistas. Porém, foi somente em 1993 que o Autismo passou a existir na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde (CID-OMS).
O Autismo possui um nome técnico oficial, chamado de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), que é uma condição de saúde caracterizada por déficit em duas importantes áreas do desenvolvimento: a comunicação social e o comportamento.
Após anos de estudo, observou-se que não há só um tipo de Autismo, mas muitos subtipos, que se manifestam de uma maneira única em cada pessoa. Tão abrangente que se usa o termo “espectro”, pelos vários níveis de comprometimento.
Com o passar dos anos, documentos como o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), da Associação Americana de Psiquiatria, e o CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) passaram por diversas alterações, incluindo palavras e termos utilizados para diagnosticar uma pessoa autista.
Hoje, o diagnóstico de autismo é realizado conforme o nível de gravidade ou de necessidade de suporte que cada indivíduo demanda, como:
- Nível 1: necessidade de pouco suporte/apoio;
- Nível 2: necessidade moderada de suporte/apoio;
- Nível 3: muita necessidade de suporte/apoio substancial.
As pessoas com Transtorno do Espectro Autista devem ser tratadas com acompanhamento multidisciplinar/multiprofissional ou seja, por uma equipe especializada com diferentes profissionais da área. Devido a recorrência de apresentações de diagnósticos podemos observar um crescente aumento de clínicas particulares oferecendo esse tipo de serviço com terapias integradas.
Em algumas cidades já existem projetos e estão sendo contempladas com centros de assistências integrais construídos para oportunizar também um serviço público que garanta os respectivos direitos. Porém, sabemos que o SUS encontra-se em reorganização para disponibilizar uma equipe completa para esse tipo de atendimento.
Podemos destacar como um dos avanços voltados às políticas públicas a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) e a criação em 2012 da Lei Berenice Piana e, que nos trouxe a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Essa política estabeleceu como algumas de suas diretrizes o estímulo à inserção deste segmento no mercado de trabalho e que o Estado ofereça diagnóstico precoce, assim como tratamento adequado.
Por fim, destaco que é importante que toda família fique atenta aos primeiros sinais precoces de comunicação como:
- Não atender quando é chamado pelo nome, de forma persistente;
- Não conseguir demonstrar com as reações quando está feliz, triste ou zangado;
- Não manter o contato ocular;
- Não buscar comunicar ou mostrar aos pais aquilo que o interessa;
- Não conseguir dar tchau com a mão;
- Entre outros sinais que podem ser identificados a partir do segundo ano de vida, devido a evolução social da criança (sendo esperado que boa parte possa ser diagnosticada entre 18 e 24 meses).
Algumas crianças apresentam um período continuado de desenvolvimento adequado, no qual não é possível o diagnóstico e, após algum tempo, apresentam uma regressão do desenvolvimento e perda de habilidade, iniciando o quadro do autismo.
É importante salientar que o autismo não é uma doença, mas uma condição. Dessa forma, falar em cura não é adequado. Porém, considerando alguns prejuízos que o TEA pode causar para a vida da pessoa e da família, é preciso buscar reduzir os sintomas e dificuldades, principalmente com o apoio de atividades terapêuticas, conforme as necessidades de cada paciente.
Fernanda Maciel de Lima
Neuropsicopedagoga SBNPp 17403
Especialista na Área Educacional e Inclusiva, Síndrome de Down, Autismo e Transtorno Específico de Aprendizagem
Mestre em Ciências da Educação
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